Mitos na Língua de Sinais
Desde os tempos mais remotos, a Língua de Sinais sofre preconceito e esse por sua vez, originaram vários mitos os quais devem ser desconstruídos por haver estudos linguísticos que comprovam a sua fragilidade. São seis mitos que existem sobre a língua de sinais, mas faz-se necessário abordar por aqui os mais relevantes, senão vejamos:
"A língua de sinais seria uma mistura de pantomima e gesticulação concreta, incapaz de expressar conceitos abstratos".
Não podemos mergulhar na ignorância desse pensamento, uma vez que, patomima semanticamente seria tudo o que imita , e gestos não quer dizer sinal. Temos que nos despir do senso comum e procurar enxergar a língua de sinais pela ótica linguística. Perceba o entendimento de Stouke sobre os sinais:
"Stouke observou que os sinais não eram imagens, mais símbolos abstratos complexos, com uma complexa estrutura interior. Ele foi o primeiro, portanto, a procurar uma estrutura, a analisar os sinais, disseca-los e a pesquisar suas partes constituintes. Comprovou , inicialmente , que cada sinal apresentava pelo menos três partes independentes ( analogia com os fonemas da fala)- à localização, a configuração de mãos e o movimento- e que cada parte possuía um número de combinações...Na medida em que pesquisas começaram a se desenvolver, surgiram fortes evidências de que as línguas de sinais não são um apanhado de gestos sem princípio organizacional, mas consistem em uma configuração sistêmica de uma nova modalidade de língua" (Quadros e Karnopp , p. 30 e 34, 2004).
No entanto podemos observar que a língua de sinais começou a ganhar status com os estudos do linguistaamericano, portanto entende-se que, a língua de sinais não é um problema na linguagem e sim uma língua que tem suas próprias características como outra língua. A língua de sinais possui cinco parâmetros articulados entre si, que dá sentido aos sinais produzindo significados específicos de acordo com o contexto. Queremos enfatizar que o contexto nessa modalidade visual espacial é fundamental para a compreensão da comunicação entre surdos e surdos , entre surdos e ouvintes e entre ouvintes e ouvintes
" Haveria uma única e universal língua de sinais usada todas as pessoas surdas".
Esse mito acredita que a língua de sinais é comum a todos. Somos sabedores que do jeito que existem o Português, Espanhol, Francês, Inglês, da mesma forma acontece com a Língua de Sinais, todo país possui sua língua de sinais No Brasil a Sigla é LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e também temos LSKB (Língua de sinais Kaapo) ,essa por sua vez pertence aos índios Urubu Kaapo , essa língua não tem relações estrutural ou lexical com a LIBRAS, uma vez que, inexiste contato entre elas por ser de uma tribo Indígena localizada na Amazônia ; Angola LAS (Língua Angolana de Sinais); MoçambiqueLMS(Língua Moçambicana de Sinais) e assim sucessivamente. De acordo com a cultura de cada país os sinais são diferenciados . Os surdos possuem uma cultura e essa é fortemente praticada entre eles nas comunidades e fora dela.
"Haveria uma falha na organização gramatical da língua de Sinais, que seria derivada das línguas de sinais, sendo um pindgin sem estrutura própria, subordinado e inferior ás línguas orais."
No entanto, não podemos nos debruçar na ideia que as línguas de sinais é um pindgin ou seja , língua de contato, de forma que é o nome dado a qualquer língua que é criada, normalmente de forma espontânea, de uma mistura de outras línguas, e serve de meio de comunicação entre os falantes de idiomas diferentes. Ao contrário do que se pensa , a língua de sinais possui uma estrutura gramatical própria, e não tem caráter subordinado e nem inferior ás línguas orais enquanto as línguas faladas são oral /escrita a de Sinais é visual espacial com seus recursos linguísticos autônomos. Veja a seguir a seguinte citação:
"Em relação a essa concepção, pode-se comprovar que as línguas de sinais são completamente independentes das línguas faladas nos países que são produzidas. Um exemplo disso são as diferenças entre as línguas de sinais brasileira e portuguesa, apesar dos respectivos países em que são usadas pelas comunidades surdas falarem a língua portuguesa. Assim sendo, é um erro pensar, as línguas de sinais são subordinadas ás línguas faladas ... Além disso, no que se refere à organização gramatical, há o equívoco da dependência de significado das línguas de sinais em relação à estrutura das línguas orais pelo fato de que é possível- mais inconveniente e não –natural-modelar a estrutura das línguas de sinais na sintaxe e morfologia das línguas orais" (Quadros e Karnopp , p. 34, 2004).
Como vimos acima, os mitos são produtos da falta de conhecimento destas línguas. A presença desses mitos gerou um preconceito generalizado nas diversas sociedades, comprometendo sua importância social , política e cultural. Graça a esses estudos linguísticos desenvolvidos nos Estados Unidos e na Europa que a Língua de Sinais passou a ser respeitada no mundo. Contudo não nos permitamos mais entender a Língua de Sinais pelos Mitos mas nos permitamos entende-la numa perspectiva linguística e cultural.
A língua de Sinais é a Língua natural dos surdos e merece todo o nosso reconhecimento como instrumento de comunicação como as outras Línguas em todos os espaços sociais.